Cuidado com receitas alternativas de antissépticos no combate ao coronavírus

Professor de química da Etec Trajano Camargo de Limeira alerta para os riscos das receitas caseira de álcool em gel, que viralizaram na internet

Postado em 1 de abril de 2020

Quem não conseguiu comprar álcool em gel em farmácias e supermercados não precisa se desesperar e apelar para soluções caseiras ou de origem duvidosa, que podem trazer riscos à saúde. Como já foi informado pelas autoridades sanitárias, a simples combinação de água e sabão, aplicada de maneira correta, continua sendo uma prática eficiente no combate à contaminação pelo coronavírus.
De acordo com o professor de química da Etec Trajano Camargo, Edivaldo Luis de Souza, se as famílias estiverem confinadas ou em ambiente onde possam lavar as mãos com água e sabão frequentemente, a higienização está garantida. “O uso do álcool em gel só é necessário quando estamos em locais onde não é possível lavar as mãos. Nesta situação, ele cumpre a mesma função do sabão de exterminar vírus e bactérias presentes na pele”, afirma.
O educador alerta, no entanto, para o risco de soluções caseiras que estão sendo divulgadas na internet como a de álcool em gel, por exemplo. “Esta receita mais comum que encontramos em redes sociais, que mistura duas concentrações de álcool 96% e 46% e acrescenta gel de cabelo ou gelatina incolor para agirem como espessantes, não garante a ação de germicida”, explica o professor Souza.
O álcool em gel 70% é o mais recomendado porque tem um efeito mais prolongado como antisséptico. O produto com concentração abaixo de 70% tem mais água e evapora antes de atacar o vírus. Já a fórmula superior a 70% é agressiva à pele e pode provocar ressecamento e ter sua ação germicida comprometida.
Para evitar os riscos de usar álcool em gel com uma concentração abaixo ou superior ao recomendado (70%), Souza explica que o consumidor deve verificar se no rótulo do produto constam o registro junto à Anvisa, as informações sobre o fabricante, laudos técnicos, a identificação do órgão responsável pelos testes físico-químicos e sua compatibilidade com a farmacopeia brasileira.

Fatores de risco dos antissépticos e detergentes falsos
Para se garantir em tempos de pandemia, o consumidor tem de estar atento não só à qualidade do álcool em gel, mas à dos detergentes também. Entre os fatores que comprometem a ação dos detergentes no combate aos vírus e bactérias, o professor cita a concentração de matérias-primas diferente do indicado pela Anvisa, a pureza da água para diluição, os locais de estocagem do produto, as embalagens suscetíveis a vazamentos, as contaminações químicas cruzadas, as contaminações biológicas causadas pelo contato com as mãos ou com o ambiente e os processos de produção que nem sempre seguem as boas práticas de manipulação desses produtos.
Além de estar atento à qualidade do álcool gel, o consumidor também deve redobrar o cuidado ao comprar detergentes. Segundo o professor, alguns fatores podem comprometer a ação desses produtos: a concentração de matérias-primas indicada pela Anvisa, a pureza da água para diluição, os locais de estocagem do produto, a resistência das embalagens, possíveis contaminações químicas cruzadas causadas pelo contato com as mãos ou com o ambiente, por exemplo. “Os processos de produção nem sempre seguem as boas práticas de manipulação desses produtos e isso pode comprometer a eficiência do detergente”, explica.
Por isso, assim como na escolha do álcool em gel, é preciso estar atento às embalagens e escolher produtos de boa procedência.

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