Cinco coisas que todos precisam saber sobre câncer de mama
Câncer de mama é o quinto que mais mata e o mais prevalente entre as mulheres, afetando cerca de 2,1 milhões de pessoas ao ano; 19 de outubro é comemorado o Outubro Rosa
Postado em 17 de outubro de 2018
Segundo levantamento realizado pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), o Brasil somará cerca de 560 mil novos casos de câncer em 2018. Só o câncer de mama corresponde a 28% desse número. Mundialmente os dados também são alarmantes, o câncer de mama afeta 2,1 milhões de pessoas por ano e é o quinto que mais mata, de acordo com o Globocan 2018, um estudo da Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer.
Para esclarecer algumas dúvidas relacionadas ao câncer de mama, oncologistas do Centro Paulista de Oncologia (CPO) – Grupo Oncoclínicas comentam perguntas frequentes.
Gravidez não aumenta risco de recidiva de câncer de mama
Muitos tipos de cânceres são sensíveis ao estrogênio, por isso, é comum que as mulheres tenham dúvidas em relação à gravidez após o tratamento do câncer de mama. No entanto, de acordo com uma análise apresentada durante o Encontro Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), a associação entre as alterações hormonais decorrentes da gestação a um maior risco de recidiva de um tumor de mama é equivocada.
O estudo avaliou um grupo de 1.207 pacientes, todas elas diagnosticadas com câncer de mama pré-menopausa – com menos de 50 anos – em 2008. “Passados 10 anos, 333 delas engravidaram e em comparação com as demais voluntárias, não houve diferença considerando a recidiva do câncer, inclusive em casos de tumores classificados como RE-positivo, quando as células cancerosas são receptoras de estrogênio e tendem a se proliferar em resposta a esse hormônio”, explica a Dra. Michelle Samora.
Para mulheres que tiveram tumores de mama RE-negativo e engravidaram após o tratamento, o risco de mortalidade despencou 42%.
Se eu utilizar algum método contraceptivo hormonal vou ter câncer de mama?
Ainda existem muitas questões sobre a relação direta entre a contracepção hormonal e o câncer de mama. Este ano, um estudo publicado no “The New England Journal of Medicine” revelou que o uso do anticoncepcional produziu um caso extra de câncer de mama para cada 7.690 mulheres por ano, considerando que, cerca de 140 milhões usam o anticoncepcional em todo o mundo.
Embora exista esse risco aumentado, ele ainda pode ser considerado relativamente baixo. “Como os próprios autores do estudo reforçam, a ameaça ligada aos métodos contraceptivos é pequena. Por isso, não há motivo para pânico – vale apenas avaliar se no seu caso, a pílula traz mais riscos do que benefícios”, afirma a Dr. Samora.
Homens também podem ter câncer de mama
Assim como as mulheres, homens também apresentam glândulas mamárias. Apesar da baixa incidência, o câncer de mama masculino pode se manifestar e existe um alto percentual de mortalidade. Segundo a American Cancer Society, cerca de 2.550 homens serão diagnosticados com câncer de mama invasivo e cerca de 480 morrerão a cada ano.
Na maioria das vezes, o diagnóstico é tardio, já que homens não costumam realizar a mamografia anualmente. “Para detectar qualquer tipo de problema, é preciso que o homem realize o autoexame com frequência, principalmente depois dos 50 anos para frente, que é a faixa etária em que ocorrem mais casos do câncer de mama masculino”, indica o Dr. Daniel Gimenes.
Exercícios são fundamentais para a prevenção e tratamento
A prática de exercícios é fundamental para uma vida saudável e, cada vez mais pesquisas mostram uma ligação direta com a prevenção e o tratamento do câncer. Um estudo publicado na revista científica Cancer Epidemiology, feita pelo Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), em parceria com a Universidade de Harvard, Universidade de Cambridge e Universidade de Queensland, mostrou que cerca de 10 mil novos casos de câncer poderiam ser evitados com a prática da atividade física.
“O movimento regular faz com que sejam eliminadas do sangue as moléculas de gordura, chamadas de lipídios, que servem como forma de alimento para as células tumorais. Isso significa que os exercícios dão um suporte extra para que o corpo possa combater o inimigo, reduzindo suas chances de crescimento”, afirma o oncologista Dr. Daniel Gimenes.
A melhora nos índices de resposta contra o tumor de mama pode ser obtida a partir de mudanças leves na rotina, cerca de 150 minutos de atividade física semanal, ou seja, 20 minutos por dia, já fazem a diferença.
Histórico de câncer de mama na família aumenta a probabilidade, mas não é fato que vá desenvolver a doença
Os cânceres hereditários se desenvolvem quando uma pessoa nasce com alterações herdadas da mãe ou do pai. Isso pode representar um fator de risco para o câncer de mama, mas a genética familiar ainda presenta um percentual baixo de todos os diagnósticos da doença. “Estima-se que entre 5 e 10% dos casos de câncer têm um forte componente hereditário, quando uma mutação transmitida de geração para geração é responsável por aumentar as chances de uma pessoa desenvolver a doença”, comenta o Dr. Gimenes.
Os testes genéticos podem auxiliar no diagnóstico precoce da doença, mas são indicados apenas quando há um alto risco de mutações associadas ao histórico familiar de câncer de mama em parentes próximos (mãe e/ou irmã) e que tenham apresentado tumores com idade inferior aos 50 anos.
Reposição hormonal aumenta riscos de câncer de mama?
A reposição hormonal é muito utilizada para amenizar os sintomas da menopausa, mas muitas mulheres sentem-se inseguras em relação à segurança do tratamento. Até o momento, não há nenhum estudo que comprove efetivamente a relação entre a reposição hormonal e o aumento do risco de câncer de mama, contudo se sabe que muitos tumores podem se desenvolver mais rápido por conta dos estímulos hormonais.
“Assim como no caso do anticoncepcional, a reposição hormonal apresenta um risco aumentado, mas ele ainda pode ser considerado relativamente baixo”, salienta a oncologista Michelle Samora. Mulheres que já tiveram câncer de mama, histórico familiar da doença ou alguma pré-disposição genética, o estímulo hormonal deve ser avaliado com cautela e sempre com acompanhamento médico.