A festa na floresta vai começar

Bois Caprichoso e Garantido travam a tradicional batalha das cores azul e vermelho no 52º Festival de Parintins, AM; apresentações serão transmitidas para todo Brasil

Postado em 26 de junho de 2017

Parintins

Falta pouco para o início de mais um Festival Folclórico de Parintins, no Amazonas, um dos maiores espetáculos a céu aberto do mundo. Na próxima sexta-feira (30), terá início à batalha travada pelas cores, azul do Boi Caprichoso e vermelha do Boi Garantido. As apresentações seguem até domingo (2) no Centro Cultural e Esportivo Amazonino Mendes, mais conhecido como Bumbódromo.

No meio da floresta amazônica, uma cidade com pouco mais de 100 mil habitantes quase dobra sua população no mês de junho. Estamos falando de Parintins, uma ilha localizada a cerca de 350 quilômetros de Manaus, Amazonas. Por lá quem dita às regras, há 100, são os bois Caprichoso e Garantido.

Um é preto com uma estrela na testa, o outro branco com um coração, são eles que todos os anos seduzem, encantam e trazem dezenas de turistas para assistir o Festival Folclórico de Parintins, considerado o maior espetáculo de ópera a céu aberto da américa latina e o maior de folclore no mundo. O evento tem em sua história a batalha travada na arena pelas cores, azul do boi Caprichoso e vermelho do boi Garantido.

Durante três dias de apresentação, a cidade fica dividida entre os dois bumbas.

A mistura do folclore nordestino com a cultura indígena deu origem a uma arte muito especial, mesclada por lendas, ritmos e cores. A própria ilha, remota, encravada no meio do rio Amazonas é uma atração à parte. Sem contar a criatividade genuína de um povo que inova a cada ano para contar sempre com novos detalhes, a mesma história de um boi de pano.

Antes do confronto, os brincantes dos dois bois ensaiam nos currais, que são os locais de ensaio e confecção das alegorias.

A competição entre os bois acontece no “Bumbódromo”. A arena tem capacidade para até 35 mil pessoas.

Origens no bumbá-meu-boi

No fim do século XIX, nordestinos vieram para a Amazônia em busca das riquezas geradas pela extração da borracha. Os imigrantes trouxeram uma das tradições culturais mais fortes do Nordeste: o bumba-meu-boi. Em Parintins, a festividade encontrou outro boi, genuinamente amazônico, e se transformou no boi-bumbá de Parintins.

Até a década de 60, os bois se apresentavam nas casas e nos quintais de Parintins. Às vezes se encontravam nas ruas e o confronto, até violento, era inevitável. A brincadeira foi organizada, cresceu, evoluiu e transformou-se em espetáculo.

Em 2013, Caprichoso e Garantido completam 100 anos de vida. Os bois ‘nasceram’ em 1913, como indicam os livros oficiais de cada bumbá escritos pelo fotógrafo Andreas Valentin na década de 90. Mas a tradição oral de Parintins conta versões com datas variadas, de 1913 a 1926. Também há diferentes relatos sobre onde foram criados e no caso do boi da estrela, por quem foi criado.

Uma das versões conta que o boi azul nasceu pelas mãos do cearense Roque Cid que veio para a Amazônia trabalhar na coleta da borracha. Como o primeiro ciclo econômico do Estado havia entrado em declínio, ele acabou fincando raízes em Parintins e criou a brincadeira conhecida no Nordeste como bumba meu boi e deu o nome de Caprichoso ao touro negro feito de pano. Outro relato sustenta que o Caprichoso nasceu em Manaus, na Praça 14, e foi levado, em 1918, para Parintins, por José Furtado Belém.

Já o Garantido foi criado pelo pescador Lindolfo Monteverde, segundo alguns relatos. Os seus familiares contam que após ele contrair malária em um seringal, foi feita uma promessa para São João. Se a saúde de Monteverde fosse restabelecida ele colocaria um boizinho para brincar nas ruas em honra ao santo. São João atendeu a súplica e o boi teria nascido em 1913.

 

Transmissão para todo Brasil

A TV A Crítica firmou parceria com TV Cultura e o 52º Festival Folclórico de Parintins será transmitido na íntegra para todo o Brasil. O contrato, assinado ontem na sede da TV A Crítica em Manaus, levará o sinal da emissora local para 132 milhões de habitantes de 26 Estados e Distrito Federal.

No primeiro dia do Festival, sexta-feira, a transmissão ocorre a partir das 21h30, no segundo, 01 de julho, a partir das 19h30 e no último, 02 de julho, às 20h. Para essa grande festa, a apresentação vai contar com os jornalistas Ludimila Queiroz e Wilson Lima, da TV A Crítica. Os repórteres de Arena escalados são Clayton Pascarelli e a Naiandra Amorim.

De acordo com o diretor-presidente do Sistema A Crítica de Rádio e Televisão, Dissica Calderaro, a TV A Crítica vai compartilhar o sinal da transmissão para a TV Cultura de forma integral. “A Rede Calderaro assim como os amazonenses – peço licença para falar em nome deles –, estão muito felizes com a oportunidade da parceria e acessibilidade. Estamos muito gratos com toda a geração da TV Cultura por acreditarem na nossa festa e terem a vontade de abrir a emissora para mostrar a nossa cultura, o Festival de Parintins, os nossos bois e a cidade de Parintins para nosso grandioso Brasil”, disse.

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