O fardo dos micro e pequenos empresários
Postado em 1 de setembro de 2017
O fardo dos micro e pequenos empresários está ficando cada vez mais pesado. A recuperação lenta da economia ainda não é suficiente para despertar a confiança dos investidores diante da instabilidade política do governo e das incertezas sobre a sua continuidade. As mesmas incertezas diminuem o consumo, que já vinha sendo comprimido pela necessidade de as famílias apertarem o cinto. Assim, as sistemáticas reduções dos juros em doses homeopáticas (saque do FGTS, por exemplo) não foram suficientes para estimular a retomada do vigor nas compras.
Fica muito em torno da palavra “empresário” uma visão deturpada. Há um percentual da sociedade que vê com preconceito os empresários como integrantes de uma elite, que se posiciona contra empregados ou até mesmo promove a sonegação de impostos. Ser empresário neste País é vencer desafios diários impostos a todos que buscam empreender, gerar renda, oportunizar vagas de trabalho.
Se, de um lado, as grandes companhias estão sofrendo e procurando recuperar os espaços perdidos, as maiores empregadoras do País, as micro, pequenas e médias empresas vivem situação ainda mais difícil e cortam todos os gastos possíveis. Além disso, enfrentam dificuldades em obter crédito para fomentar seus negócios e também para o capital de giro, pois os bancos estão restringindo bastante os empréstimos, independentemente do porte do tomador dos recursos. Ademais, a inadimplência mantém muitas firmas com o nome sujo, o que inviabiliza a aprovação de seu cadastro no mercado financeiro.
Independentemente do ramo de atividade, é preciso conviver com as altas cargas tributárias, burocracias que impedem o desenvolvimento de projetos de inovação, falta de amparo do Estado, até mesmo na capacitação de profissionais técnicos, entre tantas outras barreiras. Neste contexto, vivemos em um momento de incerteza política e econômica sem precedentes, aguardamos a aprovação ou não das reformas trabalhistas, previdenciária e novas alterações na Lei da Terceirização, e seguimos, com frequência, arcando com onerosos desfechos junto à Justiça do Trabalho.
Nessa “tocada”, a sobrevivência dos pequenos e médios negócios esta à deriva. Muitos vão em busca de alternativas mais caras de crédito, como empréstimo pessoal e factoring. Porém, isso onera seus custos e comprime ainda mais as suas margens. Assim, é crucial uma urgente política de crédito e a flexibilização dos tributos. Caso contrário, muitos desses negócios poderão não suportar a pressão. O empreendedor brasileiro costuma ser muito criativo e tem alta capacidade de superação, mas tudo tem um limite, que, para muitos, já chegou.
Algumas pequenas e médias empresas buscam parcerias para minimizar a necessidade de tomada de recursos aos bancos. De maneira inteligente, estão conseguindo manter-se e até melhorar sua performance. A parceria vem desde um acordo de consignação, prazo para pagamento, descontos financeiros vinculados à antecipação e até a prestação de serviços de mão de obra.
As alternativas viabilizadas por alguns segmentos não são possíveis para todos os setores.
Por isso o governo tem de agir rapidamente na adoção de medidas capazes de oxigenar as pequenas e médias empresas, com crédito, juros subsidiados e flexibilização tributária. É preciso garantir a sobrevivência de numerosas firmas incluídas entre as maiores geradoras de empregos do País.
A única certeza é que o brasileiro, além de ser criativo, é persistente.
Por: Eduardo Prado
Gênesys Organização Contábil
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