Renovação política: ilusão ou mentira?

Postado em 21 de julho de 2020

Existe hoje em todo o País uma crescente onda de insatisfação e desconfiança com a classe política nacional, produzindo como principal ‘”reação” a generalização do apelo à “renovação”. Compreensível, já que quem reivindicar com sucesso este rótulo terá conseguido se separar do “bando” e, com isso, da referida desaprovação popular. No entanto, é importante refletirmos sobre a presença do “novo” no discurso político. Sendo assim, pergunto:
O que significa “novo”? Ou seja, quando se fala na nova política, em que, exatamente, estamos pensando? Por que devemos apostar nossas fichas no “novo”? Se tantos atores políticos mobilizam esse termo, é porque esperam, com isso, ganhar o apoio (em votos) da população e dela receber mandatos eleitorais; mas devemos mesmo votar no novo? Por quê?

A incógnita do novo
A palavra “novo” é um adjetivo cujo significado se estabelece por referência transitória a um padrão temporal. Nada é novo por muito tempo, e o que é novo deixa de sê-lo após algum tempo. Mas também podemos definir o novo em contraste ou oposição ao velho – que passa a ser velho apenas quando do surgimento do novo. Por uma série de razões culturais, estamos acostumados a associar novo a algo melhor. Quando alguém fala que comprou um carro novo, que conseguiu um emprego novo, presumimos automaticamente que a troca tenha sido para melhor – embora, obviamente, nem sempre seja o caso.

A “utopia” do novo
Se novo não é necessariamente melhor, por que, então, devemos apostar o futuro político nisso? A resposta não é tão simples. Quando agentes políticos articulam seus discursos em torno da ideia do novo, geralmente se trata de uma entre duas hipóteses:
– Ou estão apenas respondendo, de maneira cínica, fingida, ao descontentamento popular;
– Ou então estão se eximindo de detalhamentos e explicações maiores sobre seus planos, propostas e programas, e pedindo, na verdade, um cheque em branco vindo das urnas.
Em suma, a pergunta não deve ser pela novidade, mas por melhorias. O novo pode ser pior, nem toda reforma vem para melhorar, nem toda mudança se traduz em avanço. Aos que prometem reviravoltas, resta ainda mostrar como, por quê e quanto elas significarão um ganho com relação à situação atual.
O futuro político está em nossas mãos, buscando os pensamentos com os comportamentos para as mudanças que ansiamos, sem as antigas práticas do velho e as ilusões do novo.

Por: Júlio Taikan Yokoyama (Pros)
Vereador de Arujá
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