Mar aberto

Isis Valverde surge mais segura na pele da ambígua Ritinha de “A Força do Querer”

Postado em 5 de setembro de 2017

Isis Valverde

Isis Valverde está diferente. O jeito leve e o rosto de menina continuam intactos. É o discurso mais livre e evoluído que faz com que a atriz evidencie a maturidade de seus 30 anos. “Os últimos dois anos foram essenciais para eu me entender melhor e avaliar os rumos que queria para minha carreira. Eu tinha receio de falar sobre as coisas, hoje estou mais corajosa e certa do que quero defender”, destaca ela, que tem como uma de suas principais bandeiras a causa feminista. Para Isis, seu momento mais engajado combina bem não apenas com a história de Ritinha, a sereia que interpreta em “A Força do Querer”, mas com todo o empoderamento feminino que a novela assinada por Gloria Perez carrega. “A trama soube se utilizar das discussões atuais e promove grandes momentos para todas as protagonistas”, elogia.
Natural da pequena cidade mineira de Aiuruoca, Isis contrariou a vontade de seus pais ao sair de casa, aos 15 anos. Nos dois anos que morou em Belo Horizonte, trabalhou como modelo de campanhas publicitárias, mas sempre teve a carreira de atriz como meta. Na busca por novas oportunidades, acabou se mudando para o Rio de Janeiro, onde se dividia entre cursos de atuação e intermináveis testes para a tevê. “É preciso ser muito perseverante. Tive de ouvir muitos ‘nãos’ antes do primeiro ‘sim’. A partir disso soube aproveitar as oportunidades”, garante a atriz, que estreou na Globo como a misteriosa Ana do Véu do “remake” de “Sinhá Moça”, de 2006. Em pouco tempo, Isis foi escalada para papéis de destaque em produções como “Caminho das Índias” e “Avenida Brasil”, além de protagonizar microsséries como “O Canto da Sereia” e “Amores Roubados”. “A densidade das minhas personagens foi crescendo ao longo do tempo. Na ânsia de ganhar repertório, fui encarando tudo de frente. Agora chegou o momento de fazer as coisas com mais calma”, ressalta.
Destaque+: “A Força do Querer” é um trabalho que marca sua volta à tevê depois de um período sabático de dois anos. O que a motivou a pedir esse “tempo” à Globo?
Isis Valverde: A vida, né? Com alguns pequenos intervalos, me dediquei à emissora desde que passei nos testes para viver a Ana do Véu de “Sinhá Moça”, no final de 2005. A novela estreou em 2006. Cheguei na televisão muito ingênua, muito bobinha. Tive a sorte, e também a determinação, não apenas de aceitar convites interessantes, mas de buscar personagens que me tirassem do óbvio. Só que, para fazer algo que eu realmente queria, tive de viver outras personagens para fazer valer meu contrato. Sempre entendi que início de carreira era assim mesmo, e isso é ótimo para ganhar repertório. Quando terminei “Boogie Oogie” (2015) já estava há quase uma década no ar e muito cansada. Pedi um tempo e a Globo entendeu.
Destaque+: E qual foi o saldo desse tempo distante do vídeo?
Isis Valverde: Volto muito mais segura de mim e do que quero para minha carreira. Estudei bastante, descansei, viajei e também me envolvi com alguns projetos de cinema, que eu não conseguia fazer por conta dos compromissos com a tevê. Usei esse tempo para assimilar tudo o que me aconteceu em dez anos de carreira. Não tive um preparo para lidar com as coisas, elas simplesmente foram acontecendo e eu me adaptando. O chamado da Gloria (Perez) chegou em um momento muito oportuno.
Destaque+: Por quê?
Isis Valverde: Já estava com saudade do trabalho e planejando voltar. Mas queria que esse retorno fosse especial, tivesse a ver com os meus anseios artísticos do momento. A Ritinha é uma personagem mágica que vai tendo de se adaptar às realidades da vida. Quando li a sinopse, pensei: “quero muito contar essa história”. Além da minha personagem, a mensagem feminista da trama da Gloria como um todo é maravilhosa e se mostra essencial nos tempos estranhos que vivemos.
Destaque+: Você divide o protagonismo de “A Força do Querer” com outras quatro atrizes. Quais os prós e contras de compartilhar o “peso” de uma novela?
Isis Valverde: Só vejo benefícios. Adoro o mosaico de histórias que a Gloria consegue criar com essa novela. E o mais empolgante é que todas as atrizes brilham ao mesmo tempo. As pessoas acham que temos menos trabalho com essa divisão, mas as tramas são tão bem trabalhadas e desenvolvidas que a exigência acaba sendo a mesma de uma novela com protagonista solo. É cada bolão de texto para decorar! Além de muitas cenas diárias.
Destaque+: A “Força do Querer” termina em outubro. Você já tem noção de seus próximos passos na tevê?
Isis Valverde: Não quero ficar mais tanto tempo distante, mas também preciso de férias. A Ritinha exigiu bastante de mim. Muito antes de começar a gravar, já estava treinando a respiração e o nado com a calda dentro de uma piscina. Claro que, se aparecer uma personagem irresistível, abro uma exceção. Mas precisa ser um trabalho realmente instigante. A coisa mais maravilhosa que a passagem dos 30 anos me deu foi aprender a dizer “não” sem cerimônias. É de uma liberdade maravilhosa e que me faz seguir por caminhos cada vez mais diversos.

Por: Geraldo Bessa / Tv Press
Fotos: Jorge Rodrigues Jorge/CZN

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