Do macro ao micro

A importância de uma escola humanizada e atenta às fases do desenvolvimento

Postado em 9 de fevereiro de 2021

Nunca houve tantas propostas pedagógicas diferentes disponíveis no mercado educacional. Escolas Montessorianas, Construtivistas, Sociointeracionistas e Tradicionais se misturam e defendem sua verdade como uma redenção para pais que, na intenção de oferecer o melhor aos filhos, quase não conseguem processar tanta informação no dia da visita para conhecer o colégio. Piaget, Vigotsky e Paulo Freire tornam-se nomes tão comuns que a familiaridade com eles deixou de ser exclusividade dos profissionais da Educação e da Psicologia.
Entretanto, em meio a tantas opções, o que levar em consideração? Como fazer da escola um facilitador no processo de aprendizagem e que ao mesmo tempo contribua para a autonomia e criticidade de uma criança ou adolescente?
Quanto mais os estudos avançam, mais se fala em inteligência emocional inserida num contexto de visão macro em relação ao que acontece em sala de aula. Espera-se que o aluno seja compreendido em sua totalidade, à medida que se observa sua trajetória escolar no tocante ao desenvolvimento das habilidades e competências inerentes a cada fase.
Partindo do pressuposto de que existe uma relação dinâmica entre o desempenho do aluno, seus conhecimentos prévios e os ambientes que fazem parte de sua rotina, não se pode simplesmente focar no resultado sem se avaliar o processo. Independentemente da metodologia, faz-se necessário um olhar abrangente sobre o desenvolvimento da criança, uma vez que avanços ou defasagens na aprendizagem dependem de causas multifatoriais.
Há duas grandes áreas para as quais a escola precisa centralizar sua atenção e sua ação. É preciso ter um olhar macro quanto aos processos de aprendizagem e às habilidades e relações sociais e, ao mesmo tempo, um olhar micro para acontecimentos que denotam os sentimentos envolvidos ao longo das experiências compartilhadas em ambiente escolar.
A técnica, que sempre será importante, torna-se aliada de uma postura humanizada, pois é através dela que as singularidades dos estudantes serão respeitadas. Não há mais espaço para uma escola com salas silenciosas, na qual o professor é uma máquina de cumprir conteúdos. O que essa realidade esconde? Alunos que ficam na escola sem saber o porquê, professores à espera de suas férias desde o primeiro dia de aula e processos criativos exterminados em linha de produção. Na realidade, aluno quer ser ouvido, acolhido e respeitado. O professor quer ajudar e ter suas observações acerca do desenvolvimento de seus estudantes levados em consideração.
Com um olhar macro, a escola pode identificar onde cada engrenagem deve estar para que o processo funcione de maneira eficaz. Além disso, torna-se capaz de orientar a família com mais assertividade, pois é nesse ambiente que se revelam indicadores importantes ao longo do ano. A partir dessa premissa, leva-se em consideração a necessidade de apoio especializado e cria-se um plano de ação para que, com o engajamento de todos, seja possível avançar em relação ao micro, que nada mais é do que a especificidade de cada aluno. A escola não deixará de ser uma empresa, mas a partir desse movimento integrador, torna-se capaz de desenvolver a socialização, estimular a afetividade, desenvolver o conhecimento e auxiliar seus alunos na superação de conflitos. Isso independe da metodologia e é o que mais tem sido apontado como padrão ouro para um ensino de qualidade. Fica a reflexão!

Marina Schirato
Mestre em Letras e Educação, Psicopedagoga Institucional no Colégio Hipercubo Bilíngue
e proprietária da Metamorphosis Assessoria Educacional.
Contato: (11) 2391-1979 / 94249-3943
Foto: Freepik
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