Dermatologia e suplementação hormonal

Postado em 1 de março de 2019

É cada vez mais comum a procura por suplementação hormonal para fins estéticos, com o objetivo de se obter uma pele mais firme, um corpo com reduzido índice de gordura, aumentando proporcionalmente a massa e força muscular. A justificativa é a busca por melhora da performance na prática esportiva ou na aparência física.
Entretanto, os riscos associados ao uso dessas substâncias não devem ser negligenciados, pois muitos são irreversíveis.
Na grande maioria das vezes as suplementações hormonais são constituídas de testosterona ou seus derivados, classificados como hormônios androgênicos, ou seja, hormônios masculinos. Eles também são encontrados em mulheres, mas em concentrações bem menores.
Já que os níveis de testosterona são normalmente baixos no corpo feminino, os níveis altos provocados pela suplementação provocam facilmente efeitos indesejáveis, que aparecem de forma distinta em cada mulher.
Os efeitos colaterais dermatológicos mais comuns são aumento da oleosidade da pele e surgimento de acne, queda de cabelo, desenvolvimento ou acentuação da calvície, ou ainda aparecimento de pelos em locais indesejáveis.
A ação da testosterona na glândula sebácea é importante no desencadeamento da acne. Apesar da secreção estar sob controle genético, sabe-se que a acne representa uma resposta exagerada destas glândulas aos hormônios circulantes. Em geral a severidade da acne é correlacionada com excreção do sebo e os andrógenos são os principais estimulantes do mesmo.
Já a alopecia androgenética, também conhecida como calvície, ocorre por ação do DHT (derivado da testosterona) nos folículos pilosos. Em pessoas com predisposição genética, esse hormônio leva ao afinamento e encurtamento dos fios de cabelo, processo conhecido como miniaturização.
O uso de compostos com efeito androgênico pode acelerar e agravar esse processo de perda de cabelos que, se não tratado de forma precoce, pode levar a uma perda capilar irreversível.
Existem tratamentos dermatológicos específicos para cada uma dessas condições, que podem ser controladas de forma rápida e muita satisfatória na grande maioria dos casos. Vão desde o uso de produtos tópicos, como sabonetes específicos, loções e ácidos, até terapia oral para controle da oleosidade e acne. Já o tratamento da perda capilar baseia-se no uso de xampus antiquedas, loções, complexos vitamínicos e outros medicamentos orais específicos, bem como terapias realizadas em consultório a base de laser, LED, microagulhamento e infusão no couro cabeludo de fatores de crescimento capilar associados a vitaminas.
A comunidade médica tem se preocupado com o uso indiscriminado de hormônios com finalidade estética que podem trazer efeitos colaterais muito maiores do que os benefícios. Portanto, seu uso deve ser muito ponderado e sempre avaliado por um médico.

Por: Dra. Gabriela Capareli
CRM: 131.079 / RQE: 50304
Dermatologista com título de especialista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia Formada pela Universidade Federal Fluminense
Especialista em Clínica Médica e Dermatologia pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo
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