Currículo cego

Postado em 1 de setembro de 2017

Currículo cego

Caro amigo leitor, você já deve ter ouvido falar em Currículo Cego, este novo método de recrutamento está se popularizando entre grandes empresas no mundo, evitando discriminação, seja por gênero, nacionalidade, raça ou quaisquer fatores que possam prejudicar as chances de determinado candidato. Tal método teve início em 2006 na França, onde companhias com mais de 50 funcionários adotam o currículo cego para recrutar seus colaboradores, tendo como característica um formato de currículo vitae sem informações pessoais, como por exemplo: nome, endereço, idade, nacionalidade, gênero, foto e mesmo o endereço de e-mail utilizado deve estar sem identificação pessoal, contendo somente iniciais do nome, por exemplo.
A utilização de tal método tem como fundamento evitar discriminação, seja ela por gênero, nacionalidade, raça ou quaisquer fatores que possam prejudicar as chances de determinado candidato. Seu objetivo é sua aplicação principal na primeira fase antes da entrevista presencial, evitando o preconceito inconsciente por parte do recrutador.
Outros países como a Espanha, Alemanha, Reino Unido, Suécia e Holanda, adotaram iniciativas semelhantes à francesa, cada qual em seu formato. Algumas organizações como a Deloitte, HSBC, BBC e outras gigantes de variadas indústrias já adotaram o método. Na Espanha, um grupo de 78 empresas anunciou adesão à iniciativa em julho deste ano, depois que a ministra de Saneamento, Serviços Sociais e Igualdade falou em janeiro que pretendia adotar o método no país. Podemos dizer que tal metodologia tem o objetivo de aumentar o nível de oportunidade e diminuir a discriminação no ambiente de trabalho, indo de encontro à legislação adotada em abril deste ano em Nova York, segundo a qual ficou proibido perguntar o salário anterior em entrevistas de emprego para evitar a continuidade da desigualdade salarial por gênero.
A legislação foi aprovada após algumas pesquisas revelarem que pessoas com nomes considerados “étnicos” têm 50% menos chances de ter seu currículo selecionado mesmo na fase de envio para vagas de emprego. Outro estudo, realizado na Alemanha, demonstrou que nomes que soem estrangeiros têm 14% a menos de chances de conseguir uma entrevista de emprego. Já no Reino Unido, 36% dos candidatos de minorias étnicas conseguiram empregos entre 2010 e 2012, em comparação com 55% dos brancos. Já em relação aos benefícios às empresas, quanto mais diversificação melhores os desempenhos financeiros. Empresas cuja equipe tem boa diversidade de gênero têm desempenho 15% maior, enquanto empresas diversas etnicamente se desempenham até 35% melhor.
Mais uma pesquisa do Credit Suisse demonstrou que empresas com ao menos uma mulher no conselho tinham maior retorno financeiro e maior crescimento em resultados financeiros líquidos do que aquelas sem mulher alguma nesses cargos. No Brasil tal disparidade é ainda maior, pois somente 13,6% dos cargos executivos no Brasil são ocupados por mulheres. Entre pessoas negras, a taxa é ainda menor: 4,7%. Dados estes pesquisados das 500 maiores empresas do País. No geral, homens têm salários 19% maiores que mulheres no Brasil – muito embora o nível de ensino entre as mulheres seja maior que o dos homens. Tudo isso significa que, mesmo após contratadas, algo impede que pessoas de minorias subam na hierarquia em grandes empresas.
Selecionar apenas pela qualificação profissional também pode não ser o ideal no que diz respeito ao quadro de oportunidades em fases anteriores da vida.

Por: Vandré Rodrigues
VR Consultoria e Gestão Contábil
Fone: 4651-2778

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