As Amazonas do mundo corporativo

Postado em 11 de outubro de 2018

Estimado (a) leitor (a), sabe qual é a relação entre a lenda ou mito das Guerreiras Amazonas com a mulher no universo corporativo?

Conforme o mito das Guerreiras Amazonas, as mulheres, para se tornarem eficientes e até eficazes caçadoras, mutilavam-se, retirando um dos seios para melhorar o arqueamento de sua arma de caça ou a movimentação do braço, e, consequentemente, a precisão no disparo da flecha ou no jogar a lança. Elas sacrificavam uma parcela significativa de sua natureza feminina.

As empresas correm constantes riscos financeiros e de logística de um modo geral, ao contratarem mulheres, devido o fato da grande e permanente possibilidade de gravidez. Em algumas empresas, as mulheres assinam um termo de responsabilidade, prometendo não engravidarem durante determinado período. Esse documento não tem validade jurídica e visa, simplesmente, incutir temor às mulheres. Diante desse fato, a jovem que tenha o desejo de fazer uma carreira de sucesso no mundo corporativo, terá maiores chances caso se submeta, antes, a uma cirurgia, tornando-se infértil e ponha esse adendo em seu currículo, informando que fez esse sacrifício pela carreira, para entregar-se à empresa com total disponibilidade e garra! A questão, porém, é: vale mesmo a pena tal sacrifício?

Os riscos para as empresas, citados acima, gerou o abuso de poder em relação às mulheres. Embora nem seja necessário acurada pesquisa para que se saiba ou se admita a realidade sobre assédio sexual no mundo corporativo, me vali de minha profissão de jornalista; realizei entrevistas com mulheres de diferentes profissões e cargos, atuantes e ex-funcionárias de grandes empresas, garantindo a elas, obviamente, o anonimato. As entrevistas se deram no Brasil. Não creio, porém, que a realidade em outros países seja tão diversa.

Por serem, os cargos de chefia, predominantemente ocupados por homens (o melhor seria -levando em conta aspectos relacionados à competência- a distribuição harmônica dos cargos), as mulheres se tornam “alvo” dos instintos sexuais masculinos. Tal “joga de poder”, que tanto põe em risco a “saúde das corporações”, transformou – se, já, em “expressão cultural” dentro dessas empresas. É óbvio que há ocorrências de assédio a mulheres mesmo quando ocupam cargos de chefia. O motivo é uma mistura de estereótipos, como o de serem, as mulheres, inferiores aos homens no que se refere ao potencial profissional. Os homens deduzem que tais mulheres, muito provavelmente, chegaram ao cargo por “saírem com seus superiores” (uma espécie de indicação de que pode ser uma mulher um tanto fácil…) e o aspecto biológico: a mulher é naturalmente passiva, do ponto de vista sexual, enquanto que, o homem, é naturalmente ativo. Soma – se, a isso, uma “herança ancestral”, uma espécie de “memória genética”, que remonta épocas primitivas, em que o macho (homem) realizava o coito com a fêmea (mulher), por meio do que, em nossa época, se caracteriza como crime de estupro.

A mulher, em períodos primitivos, bem pouco ou nem mesmo exercia sua própria vontade para o ato sexual. Essa forma de “relação sexual” era necessária para aumentar as chances de a espécie humana se proliferar em um meio extremamente hostil, impedindo sua extinção. Nós, homens, independente de nossa vontade, temos o impulso genético de “tomar à força a mulher”. E esse impulso, reprimido pelas transformações da vida moderna, tão necessárias, se converte em assédio sexual, reforçado pela posição hierárquica superior, do homem, nas corporações. O assédio sexual por parte de homens subordinados é bem menos frequente e fogem ao objetivo aqui proposto.

As empresas não admitem, porém a maioria delas possui “políticas não oficiais” que amparam e estimulam determinados desvios de comportamento, especialmente por parte de indivíduos de níveis hierárquicos elevados.

Convivi, durante alguns anos, com uma propagandista de um laboratório farmacêutico bastante conhecido. Por ter presenciado, bem de perto, o “desenrolar de sua vida profissional”, utilizo, aqui, sua experiência e a chamo de, simplesmente, “M”. Ela não possuía, tão somente, extraordinária beleza; seu conhecimento sobre o universo das indústrias farmacêuticas e sua competência era bem acima da média. Se bem recordo, em sua primeira ou segunda entrevista para emprego no ramo, recebeu do diretor a proposta de terem um “almoço” ou “jantar”, como condição para que a vaga fosse preenchida por ela.

A trajetória de “M”, atravessando algumas importantes empresas, foi, sempre, “recheada de assédio sexual”.

Após anos de experiência profissional, estando a mais de cinco anos em seu mais recente emprego, acumulou troféus e placas em honra de seu excelente desempenho. Geralmente, quando alguma pessoa era admitida na empresa, a “M” era designada para dar treinamento a essa pessoa, sem nada receber por essa função adicional. Em diferentes ocasiões, “M” presenciou, bastante decepcionada, muita gente sendo promovida, entre homens e mulheres, inclusive pessoas que ela havia treinado.

É sabido que há mulheres que, literalmente, “se vendem”.

A ocorrência de assédio sexual que mais “peso” teve na vida profissional de “M”, até agora, foi aquela que se referiu a uma promoção para cargo no exterior, estando, “M”, com dívidas “até o pescoço”, por conta de estar comprando e mobiliando, com certo exagero, uma casa. Disse – me que, dessa vez, aceitaria a proposta; “trocaria sexo pela tão almejada promoção”, seguindo os preceitos de suas colegas e de muitas mulheres no mundo corporativo: “Lavou, está nova.”; “pagando bem, que mal tem?”.

Na ocasião, eu disse a “M”, algo mais ou menos assim: Está pensando em proceder dessa ou daquela maneira? Faça isso ou aquilo, desde que seu proceder, de algum modo, esteja em acordo a sua consciência.

É necessário que seu proceder seja aprovado por você. Do contrário, sua consciência, sua essência, aquilo que você realmente é, se fará seu algoz!

Quando uma atitude não corresponde à essência da pessoa, essa pessoa encontra, mais cedo ou mais tarde, um jeito de se punir, quase sempre inconscientemente. Quantas pessoas, por terem, algum dia, procedido de modo tão oposto ao que elas de fato são, desenvolvem úlceras, câncer ou até enlouquecem? Não negocie sua essência, sua “alma”, por coisa alguma!

Se a sua natureza não compactua com determinadas atitudes, melhor é, seguramente, não contrariá-la. A questão não é se determinada atitude é certa ou errada. Uma pessoa só pode seguir em paz com sua vida, quando há conformidade, entre aquilo que ela, realmente é, (a essência; personalidade) e o seu proceder.

“M”, devido sua filha estar para casar – se, ou por considerar, de algum modo, minhas palavras, acabou recusando tal promoção.

O tempo foi passando, os anos foram passando… Recentemente, por não atender ao assédio por parte do novo chefe, foi despedida, mesmo com todos indicativos de sua excelência profissional. Foram onze anos dedicados ao mundo corporativo, com “mutilações psicológicas” diversas…

Reconhecendo a decepcionante realidade de assédio sexual nas empresas e acentuadamente nas grandes corporações, quais conselhos podem ser de fato úteis?

Quando assediada sexualmente, no universo corporativo, a pessoa deve se perguntar: “Quero aproveitar a situação para subir na empresa?”. “Devo tentar receber indenização, abrindo processo por assédio sexual ou tentar construir, na empresa e através dela, uma carreira de verdadeiro sucesso?”.

Se você seguir a primeira opção, não deve aceitar, de pessoa alguma, nem críticas nem elogios sobre sua ascensão. E qual valor tem elogios e críticas, para quem sabe, exatamente, o que quer? Caso prefira a segunda opção, me acho no dever de lhe “abrir os olhos”: considerando a incompetência de grande parte de nossos magistrados, além de tão forte inclinação para a corrupção e as “políticas não oficiais” que predominam na maioria das corporações, não posso negar que seja, ainda, bastante atual o antigo ditado: “A corda, quase sempre, arrebenta para o lado mais fraco.”. É necessário, para processar, um firme embasamento em provas documentais e testemunhais. Seguindo a terceira e última opção, o que é possível fazer?

Para “driblar” o assédio sexual e construir uma carreira de verdadeiro sucesso, é preciso se destacar, sobremaneira, dentro e fora da empresa, entre e perante o máximo possível de pessoas e de um modo especial perante empresas concorrentes. Evidencie sua competência e “valorize seu passe”!

Um jeito bastante eficiente para a “valorização de seu passe”, a fim de abrir concorrência em relação a você, entre a empresa em que você trabalha e as concorrentes, é utilizar, inteligentemente, as redes sociais, criando seu próprio blog ou site, ou participando de algum, dando suporte a tal blog ou site ou fazendo, por exemplo, uma página no Facebook, perfil no Twitter, Google+ etc., para atrair pessoas de sua “carteira de clientes”, gente conhecida de seus clientes, entre outras, com objetivo de fazer circular nas redes sociais, em forma de artigos ou COLUNA de Revista Eletrônica, sua competência, promovendo saudáveis debates sobre temas de seu cotidiano profissional, gerando perguntas inteligentes para que possa dar respostas inteligentes, desde que, realmente, você domine esses temas. Um Jornal ou uma Revista de barreiro, tendo conteúdo positivo, em que você possa expor seu conhecimento, também pode ser um bom começo. Suas interessantes abordagens nessa Revista ou Jornal podem ser vinculadas às suas redes sociais. Outra sugestão é escrever e publicar um livro, ainda que uma pequena tiragem, com recursos próprios.

Você precisa evidenciar sua competência, torna-la conhecida por tanta gente, dentro e fora da empresa, que ao surgir necessidade de promover um ou mais funcionários para determinados cargos bem adequados à sua competência, seu nome, assim transformado em “marca”, em “grife”, ocupe o topo da lista e possa “forçar sua contratação”, deixando bastante óbvio que promover outra pessoa em vez de você, a um cargo para o qual você é amplamente capacitada, iria, nas referidas condições, significar “gritante incoerência” por parte de seus superiores. A empresa só terá a ganhar com sua promoção…

Alguém que tenha conquistado credibilidade, quando elevado a cargo de maior destaque, produz credibilidade para a corporação como um todo.

Se veja como produto, entre tantos, exposto no mercado interno da corporação; melhore o “produto” que você é, tanto no “conteúdo” como na “embalagem”; se sobressaia “nas prateleiras da empresa e do mundo corporativo”; se promova para ampliar as possibilidades de ser promovida ou contratada por outra empresa com superiores condições.

Independente da questão de assédio, o que foi dito aqui serve como alternativa de crescimento a qualquer pessoa que queira construir uma carreira de verdadeiro sucesso.

Não há, obviamente, garantia de que o conselho que dei, aqui, possa dar certo sempre. Porém, é bem pouco provável que, na maioria das vezes, dê errado. De qualquer forma, vale a pena tentar… Pense sobre isso.

Até nosso próximo entro. Sucesso e qualidade de vida, sempre!

Julio Cesar – Jornalista, psicanalista, teólogo, artista plástico, diretor-executivo em Editora Gaivotas e diretor-geral da Gaivotas – Centro de Estudos.
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E-mail: julio.cesar@editoragaivotas.com.br

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